1- Características Gerais
É um gás incolor, mais pesado do que o ar, com odor típico e
desagradável de ovos podres. Seu estado físico pode ser líquido sob
pressão. Além disto, é um ácido forte com alto poder corrosivo. É um
gás altamente tóxico e irritante para o ser humano, que atua sobre o
sistema nervoso, os olhos e as vias respiratórias.
A intoxicação pela substância pode ser aguda, subaguda e crônica,
dependendo da concentração do gás no ar, da duração, da freqüência da
exposição e da suscetibilidade individual.
E segundo as normas trabalhistas em vigor (NR-15), o limite máximo
permitido de tolerância, da exposição do homem ao gás sulfídrico, não
deve ultrapassar 8 ppm ou 12 mg/m3 até 48 horas por semana.
2- Toxicocinética e Toxicodinâmica
O H2S inibe enzimas que contêm metais essenciais como ferro (Fe) e
cobre (Cu). Destaca-se a inibição da citocromoxidase, levando a
bloqueio da respiração celular no interior das células. O H2S forma
sulfetos metálicos (citocromoxidase-sulfeto), pela reação com o ferro
trivalente (Fe3+) desta enzima. Em conseqüência, há um bloqueio na
troca de elétrons na cadeia respiratória, o oxigênio não é consumido e
não há produção de energia.
O H2S interage com a metemoglobina, formando o complexo
sulfometemoglobina. Combina-se também em pequena proporção com a
hemoglobina, formando sulfemoglobina.
Exposição aguda
O H2S é um gás volátil, e a principal via de penetração é a
respiratória. Experimentos com animais de laboratório mostraram
absorção através da pele; contudo, no homem, a absorção por essa via é
discutida.
No nível dos alvéolos pulmonares, o H2S solubiliza-se no líquido
surfactante que cobre a superfície das células, ocorrendo reação com
compostos básicos presentes no tecido. Durante a solubilização ocorre a
hidrólise. A forma ionizada (H+) tem caráter ácido, enquanto que a
forma molecular (H2S) é lipossolúvel e atravessa facilmente a membrana
alveolocapilar, que tem uma composição lipídica. A partir desse ponto,
o H2S atinge a corrente sangüínea, distribuindo-se para todo o
organismo, produzindo efeitos sistêmicos:
• No nível do sistema nervoso central: excitação seguida de
depressão, particularmente no centro respiratório: fraqueza, dor de
cabeça, náusea, vômito, hiperexcitabilidade, alucinações, amnésia,
irritabilidade, delírio, sonolência, fraqueza, convulsões e morte.
(Quadro abaixo).
• No nível do sistema respiratório: tosse, às vezes expectoração sanguinolenta, polipnéia (respiração rápida), espasmo brônquico, às vezes edema agudo de pulmão, traqueobronquite, broncopneumonia tardia, rinite com anosmia (perda do olfato).
• No nível cardiovascular: hipotensão, arritmias (taquicardia, bradicardia, fibrilação atrial).
A perda do olfato resulta da interação do H2S com o zinco (Zn), que
é importante nas reações de percepção do olfato. A fadiga olfatória
ocorre em 2 a 15 minutos, em concentrações acima de 100 ppm. Desta
forma, o odor do H2S não é parâmetro seguro para se avaliarem
concentrações perigosas.
A ação irritante do H2S sobre a pele e as mucosas gastrointestinal
decorre da formação de sulfeto de sódio, surgindo prurido (coceira),
queimação e hiperemia (vermelhidão). Nos olhos surgem conjuntivite,
fotofobia, lacrimejamento e opacificação da córnea.
No aparelho digestivo, o H2S irrita a mucosa gastrointestinal e produz náusea e vômito.
A biotransformação do H2S ocorre muito rapidamente e envolve em
parte reações de oxidação pela hemoglobina oxigenada e por enzimas
hepáticas, formando sulfatos e tiossulfatos que são eliminados pela
urina e pelas fezes.
Quando este mecanismo de desintoxicação é induficiente, como ocorre
em exposição a concentrações muito elevadas, acima de 700 ppm, o H2S é
eliminado inalterado no ar expirado.
Alguns estudos mostraram uma maior incidência de conjuntivite e queratoconjuntivites na exposição noturna.
Exposição crônica
Não existe concordância na literatura quanto a efeitos na exposição
crônica ao H2S, e o tema é discutível, devido à sua rápida
biotransformação.
Contudo, estudos mostram a possível ocorrorencia de efeitos sistêmicos a exemplo de alterações neurológicas, distúrbios neurovegetativos, polineurites, vertigem, dor de cabeça, nervosismo, paralisia e fraquezas. Taxas elevadas de abortamento foram encontradas em mulheres grávidas expostas ao H2S; distúrbios digestivos, como perda do apetite, perda de peso e náuseas.
Efeitos locais a exemplo de conjuntivite, inflamação das vias aéreas superiores, bronquite crônica, conjuntivite e queratoconjuntivite.
3- Medidas de Emêrgencia
cada minuto é vital para reverter o quadro da vítima e que apenas o exame sanguíneos é o único método para confirmar exposição a concentrações elevadas de H2S . Por isso após os primeiros atendimentos emêrgenciais, dependendo do quadro clínico apresentado pela vítima, é aconselhavel o quanto antes acionar o apoio médico para assim remove-la para tratamento onshore.
As primeiras medidas de atendimento irão consistir na restauração e manutenção da via aérea, ventilação e circulação (A, B, C).
Atendimentos a vítima:
1. O enfermeiro Offshore deve atender a vítima,
trazida pela equipe de resgate, em local seguro. Certificando-se sobre
as concentrações de oxigênio aceitáveis para sua própria segurança e da
vítima. Na incerteza da segurança do lugar, colocar equipamento de
respiração antes de iniciar o atendimento. Você pode se tornar uma
vítima!
2. Realizar manobras de ressuscitação cardiopulmonar, se necessário.
Nos casos de inalação:
e, na vigência de sinais e sintomas de envenenamento sistêmico, adotar:
e, na vigência de sinais e sintomas de envenenamento sistêmico, adotar:
3. Oxigênio a 100% umidificado. A oxigenioterapia pode diminuir os efeitos tóxicos do H2S.
4. Inalação do conteúdo de uma ampola de nitrito de
amilo embebido em algodão, lenço ou qualquer tecido durante 30
segundos. Pode-se repetir a cada minuto, durante 5 minutos. A inalação
do nitrito de amilo deverá ser suspensa quando se iniciar o nitrito de
sódio.
Ação do medicamento:
a) Reduz o trabalho cardíaco e as necessidades de
oxigênio. Estimula a respiração por ação nos quimiorreceptores do seio
carotídeo. b) Rapidamente absorvido, ganha a corrente sangüínea onde
transforma a hemoglobina em metemoglobina, que compete com a
cito-cromoxidase pelos íons sulfeto, formando sulfometemoglobina,
recuperando a citocromoxidase. c) Melhora o espasmo (constrição) dos
brônquios e previne o espasmo das coronárias.
5. Administração venosa de 10 mL de nitrito de sódio a 3%, o mais brevemente possível, lentamente, no período de 3 minutos.
Ação do medicamento:
a) É também um agente formador de metemoglobina,
que protege a citocromoxidase, prevenindo a anóxia (baixa oxigenação).
b) Formação de tiossulfatos, que são eliminados na urina. A ação
antidotal do nitrito de sódio é atribuída à competição pelos sulfetos
livres entre os tecidos, à citocromoxidase e à metemoglobina
circulante, formando o composto sulfometemoglobina, que lentamente
libera os sulfetos para processos de metabolização endógena. b) A
citocromoxidase liberada reativa o metabolismo aeróbico. c) A eficácia
da terapia com nitritos é controversa; contudo, eles têm sido
empregados com sucesso em intoxicações severas e o benefício advém da
prevenção da anóxia severa ao converterem a hemoglobina em
metemoglobina, preservando a citocromoxidase. A efetiva ação do
medicamento ocorre quando ele é utilizado alguns minutos após a
exposição.
6. Tratamento das complicações: convulsões (com
diazepam, fenitoína ou fenobarbital). edema agudo dos pulmões,
arritmias, hipotensão (com dopamina ou norepinefrina) e parada
cardiorespiratória.
No casos de contato com a pele
Lavagem abundante durante 15 minutos, usar soluções fisiológicas (soro) e anestésicos.
No contato com os olhos
Lavagem abundante com soro fisiológico por 15 minutos, usar solução
de ácido bórico ou solução fisiológica isotônica. Encaminhar ao
oftalmologista, se indicado.
Observações secundárias:
1. Atentar para os sinais de intoxicação apresentado pela mesma.
2. Coletar informações sobre o tempo de exposição e
local ocorrido. A quantidade de tempo ao qual ocorreu o funcionário foi
exposto ao H2S é um fator importantissimo para um melhor atendimento.
3. Assegurar junto ao restante da equipe de SMS da
plataforma que outros funcionários não estão sendo expostos, para não
tornarem possiveis vítimas.
Atenção: Caso necessário evitar desfibrilar a vítima em locais com concentração elevada de H2S devido ao risco de explosão.
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